Hugo Nem se Importa: a reação das ruas

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, sentiu o bafo das ruas. Não, isso era antigamente. Quero dizer que ele sentiu o bafo dos memes, da viralização, das redes sociais. Depois de ameaçar abertamente o governo, Motta foi obrigado a recolher sua arrogância – baseada em nada – e acenar com a pacificação. Num sinal de que a parada ficou feia para ele, o homem fala até em corte de emendas. É uma virada completa.
A jornalista Carla Araújo revelou no UOL que o mandachuva da Câmara foi alertado por sua turma de que o eleitorado da Paraíba está ao lado dos memes contra o Congresso. Abastecido com pesquisas produzidas no calor da hora, Motta entendeu que, para o povão, ele está na defesa dos ricaços que não querem pagar nenhum imposto.
Aqueles vídeos – que assustaram até a Globo – surtiram efeito devastador na imagem do parlamento. E quem mais passa recibo é a turma da ultradireita, a mesma que alardeia a piada da “meritocracia”. Enquanto isso, mete no bolso sua cota de emendas pix. Nas últimas 72 horas, é um corre-corre para conter os danos da campanha virtual.
Lembrando: o Congresso barrou projeto do governo que aumentava tarifas do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. A taxação pegaria quem está no topo dessa bagaça, mas deputados e senadores armaram um levante para defender seus financiadores. É isso aí. Não contavam com a astúcia da inteligência artificial.
De repente, a internet foi inundada com peças produzidas por IA que resumem a seguinte ideia: Câmara e Senado protegem os milionários e desprezam os pobres. A mensagem colou. Como escrevi em texto anterior, o Jornal Nacional saiu em socorro da carcomida elite brasileira, com uma reportagem criminosa – e se deu mal. Não se emendam.
Nos vídeos, o grande personagem é Hugo Nem se Importa, mas os demais integrantes do Congresso sabem que também é com eles. A reação da gentalha, como fez a Globo e a extrema direita, foi tentar jogar a culpa das críticas no PT e, vejam só, no uso da IA.
A jogada não emplacou. Por isso, falam agora em diálogo e “interesses do Brasil”. Dá uma canseira ouvir a mesma ladainha desde sempre. Com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, governo e Legislativo vão para uma audiência de conciliação.
Enquanto isso, não vi nenhuma manifestação da bancada alagoana sobre a taxação dos bilionários. Cadê aqueles valentões que acusam o povo de não querer trabalho, para viver de Bolsa Família? Tudo na moita, no modelo omissão, covardia e mamata.
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